sexta-feira, 15 de abril de 2011

Governo Federal pretende fechar o Instituto Benjamin Constant (escola para pessoas com deficiência visual) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos, no Rio de Janeiro


Colaborando na divulgação desta matéria.

A rotina do pequeno Hugo Souza Mota, de apenas 6 anos, foi quebrada na manhã de segunda-feira, 11 de abril. De cartaz na mão, ele, sua mãe, Vânia Silva de Souza, de 31 anos, e mais de 300 pessoas fecharam metade da pista da Avenida Pasteur, na Urca, em uma manifestação contra o fechamento do Instituto Benjamin Constant (IBC) e do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), em Laranjeiras. Cego desde os seis meses de idade, após ter tido câncer de retina, Hugo tentava acompanhar a agitação dos protestos segurando o cartaz e a mão de Vânia, que não escondia sua revolta com a ameaça do IBC deixar de existir e a proposta do Ministério da Educação para que os alunos deficientes visuais sejam matriculados também em unidades de ensino das redes públicas, como o Colégio Pedro II. O protesto, que ocorreu em frente ao prédio do instituto e causou engarrafamentos da região até Copacabana, contou com apoio do Núcleo de Pessoas com Deficiência do Sisejufe, da Associação de ex-alunos do IBC entre outras entidades -a intenção foi justamente chamar a atenção da população para o problema.

“O governo federal diz que as outras redes têm condições de receber nossos filhos deficientes visuais. Isso não é verdade. As outras escolas não têm capacidade de atendê-los. O IBC tem salas especializadas em movimento espacial, para musicoterapia, para eles praticarem esportes entre outras atividades. Não vamos encontrar isso nas redes municipal e estadual. Se não podem nos dar tratamento melhor, que nos deixem aqui no IBC”, desabafou Vânia, enquanto o pequeno Hugo já demonstrava certa irritação com o barulho do trânsito, dos discursos dos oradores que se revezavam ao microfone do carro de som.

Para a mãe de Hugo, fazer o menino estudar em duas escolas vai ser um transtorno muito grande na vida deles. Além do problema da falta de estrutura das outras escolas, o deslocamento diário de um local para o outro será difícil. Moradora de Bento Ribeiro, Vânia passa o dia inteiro no IBC acompanhando e esperando o filho. “A gente se anula pela vida dos filhos. O que o governo tinha que fazer era investir mais e não acabar com o IBC, criando ensino de 2º Grau e Superior. Dizem que o instituto não dá certo. É mentira, dá certo sim. Está dando certo com meu filho”, disse.

Um dos participantes da manifestação Dulavim de Oliveira Lima Júnior, é diretor do Sisejufe, membro do Núcleo de Pessoas com Deficiência e ex-aluno do IBC, lembrou que inclusão social não se faz fechando uma instituição com mais de 100 anos como quer o Ministério da Educação. Ele ressaltou que, como tudo na vida, também há especificidades na educação. “A homens e mulheres não competem juntos a maratona nas Olimpíadas. É respeitada a especificidade de cada num. Nem por isso não há integração. Somos totalmente contra o fechamento do IBC”, afirmou Dulavim.

Entre várias manifestações de apoio e de revolta de alunos, ex-alunos, reabilitandos, professores e moradores das imediações do IBC, o coordenador do Núcleo de Pessoas com Deficiência do Sisejufe, Ricardo de Azevedo Soares, afirmou que acabar com o ensino especializado não representa inclusão social. “Esse colégio não vai fechar. Vamos permanecer nessa luta. Daqui saíram muitos alunos que são excelentes profissionais, que fizeram concurso público e que se destacam em suas áreas”, disse Ricardo.

Tentando amenizar a revolta de pais e alunos, o ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que os serviços de ensino do Instituto Benjamin Constant e o Instituto Nacional de Educação de Surdos, em Laranjeiras, não seriam fechados. A informação caiu como uma bomba quando uma diretora do MEC anunciou o término das atividades em 2012. Haddad informou ainda que os alunos matriculados nas duas escolas poderão também se matricular no Colégio Pedro II, vinculada ao governo federal. O que funcionaria como uma dupla matrícula, para estimular a inclusão dos estudantes em escolas regulares. O ministério fará parceria de cooperação entre o Ines, IBC e o Pedro II para ampliar a oferta para os alunos com deficiência visual e auditiva. O Colégio Pedro II tem cerca de 13 mil alunos, o IBC, 300, e o Ines, 480.

“O que está em discussão é o estabelecimento de uma parceria entre instituições de ensino do governo federal para ampliar a oferta de oportunidades educacionais, adicionais e não supressivas aos estudantes surdos e cegos, de modo que esses alunos, matriculados no Colégio Pedro II, possam receber apoio dos institutos, e alunos dos institutos possam efetivar, se quiserem, uma segunda matrícula no Colégio Pedro II”, destacou, em nota, o Ministério da Educação.



Fonte: Max Leone -Imprensa Sisejufe, com agências de notícias
Referência: Jus Brasil (12/04/11)

8 comentários:

  1. Acho um absurdo fechar instituições como o Benjamin Constant e o INES! Sou super a favor da educação inclusiva, mas não pode ser feita desta forma. Os Institutos oferecem um suporte aos alunos que nenhuma outra instituição oferece neste momento. Se é para investir na educação inclusiva, que o façam, mas equipem as outras escolas para que possam receber, educar e acompanhar este indivíduo com necessidades especiais. Se o MEC desenvolver um plano adequado de equipamento de instituições de ensino, formação dos professores e demais profissionais da educação, bem como preparar os alunos das outras escolas para que possam receber e conviver com estes alunos, tudo bem. Mas não é o que vemos atualmente! O que vemos são escolas recusando alunos com necessidades especiais, educadores despreparados que não sabem promover a inclusão, que não conseguem se comunicar com estes alunos, nem ensinar, pois não são capazes de compreender suas dificuldades e limitações. Em contra partida não percebem o potencial e a capacidade destes alunos e, por isso, não as aproveitam!
    Vemos ainda muitos alunos que não sabem lidar com as diferenças e tornam a permanência dos portadores de necessidades especiais muito penosa, pois são alvos de bulliyng ou, quando isso não acontece, são rejeitados! Outro ponto importante é a sociedade. Conversando com os pais dos alunos “normais” verifica-se que muitos acham que o aluno “especial” vaia trasar o desenvolvimento de seu filho na escola, acham que deveriam estar separados, que são feios, que causam pena, que são coitadinhos, diferentes, etc.
    Estes alunos podem levar uma vida “normal”, entretanto precisam de instituições que possam atender às suas necessidades especiais, de educadores que os compreendam e saibam promover sua inclusão e de colegas que tenham a capacidade de conviver com as diferenças.
    Até o momento isso tudo ainda é um sonho, pois as instituições, educadores e pessoas que conheço, em sua maioria, não se encaixam neste perfil.

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  2. Acredito na educação inclusiva, por isso digo que a linguagem de Libras deveria ser ensinada a todos os estudantes na escola primária. Desta forma, poderiam se comunicar com os alunos surdos. Já o Braile, acho desnecessário que seja ensinado a todos os alunos,pois o deficiente visual consegue se comunicar por fala e somente eles precisam aprender o braile para poder escrever e ler.
    Tantas coisas poderiam ser feitas em prol das pessoas portadoras de necessidades especiais e o governo não faz, as empresas não se preocupam e a sociedade finge que não vê!

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  3. Eu também acho um absurdo! O MEC deveria ter vergonha de fazer uma coisa dessas! A sociedade deveria se unir contra isso!

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  4. Gostei da noticia de fechamento porque esse instituto estava funcinando sem pernas ,quem sabe eles agora equipam pelo menos uma escola em cada cidade para atender a demanda de alunos portadores de deficiencia visual. moro em volta redonda e aqui também foi dechada uma entidade da prefeitura q da mesma forma não ajudava muito a quem realmente precisava porque era longe fora de mão e não tinha transporte para as crianças na verdade um enchimento de linguiça , fiz estagio lá quando fiz letras para ter alguma noção do problema, mas confesso q olugar era muito estranho e não ajudava miito só ao amigo do amigo.Então cabe a sociedade uma posição em relação ao problema e exigir profissionais em estabelecimento q esteja ao alcanse da populãção .legal fechar já devia ter fechado a muito tempo .Para mim é oito ou oitenta ou ajuda todo mundo ou n ajuda ninguém .

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  5. Com relação à instituição de Volta redonda não posso falar nada, pois não a conheço, entretanto, com relação ao Instituto Benjamin Constant não funcionava desta forma. Não era somente para amigos de amigos, mas sim, para todos os deficientes visuais, porém não havia vagas para todos, como em qualquer hospital e escola.
    O atendimento é bom, mas o governo quer realizar a inclusão com alunos que não possuem nenhum tipo de deficiência. O problema é que para preparar outras instituições para atendimento adequado a estes alunos, é preciso tempo e investimento e não acredito que isso aconteça tão rápido, ou seja, até 2012. Em um ano não há condições de se preparar todas as escolas nem mesmo as federais para realizar um trabalho de qualidade.

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  6. REALMENTE DOLORES VOCE ESTA CERTA.
    O INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT E' UM GRANDE COLEGIO PARA CEGOS E INFELIZMENTE NOSSOS GOVERNANTES ESTAO MONOSPREZANDO OS NOSSOS ALUNOS CEGOS E ESQUECENDO QUE AMANHA ELES TAMBEM PODERAO SE TORNAREM CEGOS . PARA MIM OS ALUNOS CEGOS DO IBC SAO VERDADEIROS
    HEROIS QUE DERRUBANDO BARREIRAS SEMPRE VAO EM FRENTE E NECESSITAM DESTA CASA COLEGIO IBC PARA PODEREM TER UM LUGAR PARA ESTUDAR,CRESCER, MORAR E SEREM MAES E PAIS RESPONSAVEIS CONSTITUINDO SUAS FAMILIAS E ENSINANDO A OUTROS CEGOS NO FUTURO.O IBC TEM PROFESSORES E PROFESSORAS CEGOS FANTASTICOS.
    QUE DEUS PRESERVE O INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT
    SEMPRE DE PORTAS ABERTAS PARA RECEBEREM OS ALUNOS CEGOS QUE MERECEM SER RESPEITADOS E SAO AS CRIATURAS MAIS PURAS E HUMANAS QUE JA CONHECI NA MINHA VIDA.

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  7. Olá Tania,

    Fiquei muito feliz em ler seu comentário e saber que estamos contribuindo para a cidadania de outros portadores de necessidades especiais.

    Ainda bem que o governo desistiu de fechar o IBC e o INES! Estão organizando uma outra forma de inclusão. Vamos em frente com nossa luta pela inclusão dos deficientes.

    Seja bem-vinda!
    beijocas

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  8. OBRIGADA DOLORES.
    FIQUEI MUITO CONTENTE EM SABER QUE O GOVERNO DESISTIU DESTA IDEIA MALUCA DE FECHAR O IBC E O
    INES.
    BEIJOCAS,TANIA.

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