sexta-feira, 16 de abril de 2010

Pesquisadores brasileiros testam células-tronco

Estudiosos da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto estão testando um tratamento com células-tronco para recuperar a visão de portadores da retinose pigmentar - doença genética que causa degeneração da retina e perda gradual da visão provocando a cegueira irreversível. As células são retiradas da própria medula óssea do paciente através de punção na altura da bacia e são processadas, em laboratório do


Hemocentro de Ribeirão Preto, para que as células-tronco separadas

sejam implantadas no vítreo do globo ocular da paciente, espécie de

líquido gelatinoso que fica sobre a retina. O procedimento já foi realizado em cinco pacientes que tem menos de 10% da visão.

A expectativa é que as células-tronco liberem substâncias que estimulem o funcionamento da retina e, conseqüentemente, resultem na recuperação da visão. Três pessoas receberam o implante e as outras duas estão agendadas para esse mês. “Os pacientes foram submetidos a uma bateria de exames e não apresentaram qualquer complicação, mas é preciso um ano para ter certeza que não haverá complicações”, afirma Rodrigo Jorge, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

A retinose pigmentar afeta cerca de 40 mil pessoas no Brasil. De cada 5 mil recém-nascidos, um desenvolve o distúrbio até os 20 anos de idade. O objetivo do estudo, por enquanto, é estudar a segurança da técnica e o comportamento das células-tronco em relação ao aspecto funcional da retina. “A nossa esperança é que as células-tronco possibilitem algum avanço na melhora visual dos portadores da retinose pigmentar", diz Jorge. Caso haja sucesso nos resultados, será possível que o tratamento com células-tronco possa ser aplicado também no combate a outras doenças de fundo de olho, como a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade. (Da assessoria de imprensa da USP de Ribeirão Preto)
 
Células-tronco contra cegueira


De acordo com o oftalmologista Rubens Siqueira, as células-tronco utilizadas nesta pesquisa são derivadas da medula óssea do próprio paciente, ou seja, um transplante autólogo, portanto sem o risco de rejeição.

Cinco voluntários que apresentavam menos de 10% de visão já receberam uma injeção de células-tronco, implantadas na cavidade vítrea do globo ocular. "Estamos com grande esperança que esta terapia para doença degenerativa da retina dê certo. Existem duas possibilidades de sucesso: a primeira é a terapia impedir que a doença continue evoluindo evitando que o paciente caminhe para a cegueira. Se isto for possível já será um avanço considerável. A segunda possibilidade é de o tratamento resgatar funcionalmente a retina, ou seja, proporcionar uma melhora visual o que seria o ideal", afirma Rubens.

Terapia celular

A coleta é realizada pelo hematologista especializado em terapia celular e consiste na retirada de uma pequena quantidade da medula óssea do paciente, através de punção por agulha no osso da bacia.

O material coletado do paciente é então processado no laboratório de terapia celular, para separação das células-tronco.

Cerca de cinco horas após a punção, as células são injetadas no olho do paciente, com anestesia local. Não há necessidade de internação e caso o voluntário sinta muito desconforto, pode ser feito um curativo local.

Estudo experimental

Segundo Siqueira, atualmente responsável pela observação e segurança do procedimento nos pacientes voluntários, é importante ressaltar que se trata de um estudo experimental que visa avaliar a segurança.
 
"Até o momento nenhum paciente mostrou qualquer complicação. Estamos avaliando também o comportamento funcional da retina. Já observamos respostas positivas nos exames de campo visual e no eletrorretinograma, que é um exame no qual avalia o funcionamento da retina através de potenciais elétricos. Estes achados apesar de serem ainda discretos mostraram sinais de que estamos no caminho certo", afirma o oftalmologista.


Ética em pesquisas

O acompanhamento ocorrerá mensalmente durante um ano. Se os exames mostrarem que estas células voltaram a funcionar, os resultados serão enviados ao Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e o órgão decidirá se haverá ou não continuação da pesquisa.

"As pessoas interessadas neste tratamento estão muito esperançosas. Acreditamos que no próximo ano já teremos informações importantes provenientes destes resultados iniciais e de mais pacientes. A estimativa é que se tudo correr bem, entre 1 a 2 anos poderemos começar a propor como uma opção terapêutica", afirma Siqueira.

O pesquisador afirmou ainda que caso haja sucesso nos resultados, será possível que o tratamento com células-tronco possa ser aplicado também no combate a outras doenças de fundo de olho, como a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade.

4 comentários:

  1. Quem sabe estendem para Stargardt?
    Nesta segunda-feira ligarei para o centro de pesquisas para ver se há planos de estenderem os estudos para a nossa doença e, em caso afirmativo, como podemos nos cadastrar como voluntários. Em caso negativo, perguntarei se conhecem estudos semelhantes para a Doença de Stargardt ocorrendo em outros setores da universidade ou em outras instituições. Assim que tiver notícias comunico a todos!
    beijocas

    ResponderExcluir
  2. sou diabetico,e gostaria de ser cobaia na pesquisa de celula tronco,meu email: jgaagronomia@gmail.com

    ResponderExcluir
  3. sou diabetico,e gostaria de ser cobaia na pesquisa de celula tronco,meu email: jgaagronomia@gmail.com

    ResponderExcluir
  4. Olá JG Agronomia,

    No momento, não podemos encaminhá-lo para pesquisas, pois não temos nenhuma solicitação de instituições, mas, assim que tivermos, será contatado.

    abraços

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...