domingo, 20 de março de 2011

Novidades nas pesquisas que visam o tratamento das Doenças Degenerativas da Retina



Perspectivas Terapeuticas


Estamos vivendo tempos de muita esperança. São muitos os testes clínicos em andamento visando tratar e curar as doenças degenerativas da retina. Os grandes avanços na genética e na terapia celular nos aproximam cada vez mais de nossos desejos: chegar ao tratamento da retinose pigmentar, da doença de stargardt, da síndrome de usher, da amaurose congênita de leber e da degeneração macular seca e exudativa, entre outras degenerações retinianas. Os testes clínicos que estão sendo feitos com pessoas, envolvem 3 fases: a primeira testa a segurança do medicamento ou da terapia e cobre um pequeno grupo de pacientes; a segunda fase testa segurança e eficácia e tem lugar em vários centros de pesquisa, envolvendo muitos pacientes. A fase 3 já se dá com maior nível de segurança e eficácia e busca ter resultados numéricos maiores e em geral cobre vários paises.Destacamos os ais importantes:


Testes clínicos com a Terapia da Célula Encapsulada para RP e DMRI


Realizados pela empresa Neurotech nos Estados Unidos, essa terapia consiste na aplicação de um agente de sobrevivência neuronal, o CNTF (ciliary neurotrophic factor - células que foram geneticamente transformadas para produzir o fator terapêutico) que reduziu a degeneração retiniana causada pela Retinose Pigmentar, em modelos animais e agora está sendo usado em pacientes com retinose pigmentar. Uma pequena cápsula de cerca de meio centímetro é colocada dentro do olho, liberando CNTF gradualmente. Esse fator produz a sobrevivência dos neurônios das células fotoreceptoras por um longo período(18 meses). A Neurotech está testando a segurança e a eficácia dessa terapia, tendo já concluído a Fase I com pacientes, encontrando-se na fase II/III em três centros clínicos.
Estão em andamento 3 testes clínicos usando os fatores neurotróficos ECT e CNTF:

1.     os testes para a Degeneração Macular Relacionada à Idade (tipo seca) – DMRI SECA estão na fase II, com 48 pacientes.

2.     e 3. Os dois testes para a retinose pigmentar, encontram-se na Fase II, envolvendo 60 pacientes. Um está trabalhando com pacientes no estágio inicial da doença e outro com pacientes na fase avançada da doença. Este teste clínico não exige controle do genótipo do paciente. Até o momento não houve efeitos adversos ligados ao implante da cápsula e aos procedimentos cirúrgicos. Os testes incluem também um número pequeno de pacientes com síndrome de Usher e coroideremia.

Teste clínico com o medicamento FENRETINIDE para DMRI atrófica. A empresa americana Sirion Therapeutics está na fase II do teste clínico com pacientes com DMRI atrófica, envolvendo vários centros de pesquisa. Acredita-se que com o sucesso dessa terapia, ela poderá ser estendida aos pacientes com DOENÇA DE STARGARDT. (ver mais informação na pagina da Foundation Fighting Blindness .. Ver também buscando por “fenretinide AMD” .


Prótese retiniana (olho eletrônico)


Existem cerca de 30 grupos de pesquisa nessa área. Há quatro tipos de implantes sendo pesquisados: 

1) a prótese subretiniana (Dr. Alan Chow em Chicago), que suspendeu os testes, por falta de resultados e falência da empresa Optobionics, que financiava o teste. Na Alemanha contudo, 8 pacientes vêm sendo testados pelo dr. Eberhart Zrenner com a prótese subretiniana, apresentando bons resultados; 

2) a prótese epiretiniana, é colocada junto ao epitélio pigmentar da retina. A empresa Second Sight, dos Estados Unidos está na fase II de testes, com muitos centros de pesquisa; 

3) prótese no nervo ótico; e 

4) prótese no córtex cerebral.


Medicamentos Antioxidantes



1. Para a Retinose Pigmentar (RP) – o dr. Theo Van Veen, na Suécia, preparou o medicamento RETINACOMPLEX, para combater o stress oxidativo que contribui para o agravamento da degeneração dos fotoreceptores. Foram testados, com bom resultados, modelos animais com Retinose Pigmentar. Mais informações podem ser obtidas pela internet (www.retinacomplex.com).

2) Para a Retinose Pigmentar (RP) - A Foundation Fighting Blindness (Estados Unidos) vem apoiando pesquisa sobre suplementos nutritivos com Vitamina A Palmitato combinada ao Acido Graxo DHA Omega 3 (docosahexanoic acid) na expectativa de que esta dieta suplementar reduza a perda de visão de pacientes com RP. Fontes de Omega 3 incluem : salmon, atum, sardinha.

3) Para Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI): o estudo AREDS 1, do início da década, mostrou a eficácia do uso de antioxidantes, zinco, luteina e zeaxantina para pacientes com DMRI neovascular ou atrofia geográfica. Na segunda fase, AREDS 2, estão sendo testados a administração de luteína, zeaxantina e/ou omega 3 (ácidos grassos poliinsaturados (DHA e EPA) para DMRI e catarata. O estudo abrange 4.000 pessoas em 82 clínicas durante 5 anos de acompanhamento de pacientes.

4) Para Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) pesquisa financiada pela Foundation Fighting Blindness na Universidade de Harvard, Estados Unidos mostrou que uma dieta rica em gordura está associada a uma perda de visão mais rápida nos casos de DMRI. Por outro lado, dietas envolvendo consumo de peixes e nozes, ricos em ácidos graxos omega 3 levam à preservação da visão por mais tempo.


Novos Genes Identificados


Mais de 130 genes foram identificados pelos geneticistas, com mutações que levam às doenças degenerativas da retina. A identificação destes genes é um passo importante para compreender o desenvolvimento dessas doenças e é fundamental para o desenvolvimento das terapias de reposição genética e biofarmacêutica. Cientistas ligados à Foundation Fighting Blindness encontraram variações em três genes em 74% dos casos de Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). Essa descoberta traz novas possibilidades de tratamentos efetivos, mostrando o papel da herança genética na DMRI.


Terapia de Reposição Genética


1) para Amaurose Congênita de Leber(gene RPE65) - estão sendo realizados, em parceria, no Instituto de Oftalmologia da Universidade da Califórnia (dr. Robin Ali) e no Hospital Moorfields em Londres, testes clínicos com pacientes ( fase I). Na pesquisa inglesa, com três jovens com Leber, um paciente já apresentou melhora na visão na fase I. Os testes continuam e vão incluir doses maiores da terapia e a inclusão de crianças no teste clínico. A Foundation Fighting Blindness dos Estados Unidos está financiando esse estudo e também o da Universidade da Pensilvânia, que deve começar brevemente. Essa terapia genética, realizada com 50 cães cegos devido à Amaurose Congênita de Leber, teve sucesso, com a melhoria da visão dos animais e mostrou estabilidade nos resultados (a visão dos cães não regrediu).

2) para Amaurose Congênita de Leber de tipo recessivo(gene RPGRIP) – pesquisadores ligados à Foundation Fighting Blindness (EU) desenvolveram uma terapia de reposição genética para recuperar os fotorreceptores de camundongos com Amaurose Congênita de Leber de tipo recessivo, resultante de uma mutação no gene RPGRIP. O tratamento recuperou os fotorreceptores dos animais que tiveram sua função retiniana normalizada.

3) terapia genética usando fator neurotrófico para DMRI seca e exudativa. A empresa GENVEC está usando um adenovirus modificado como vetor do gene que carrega o fator derivado do epitélio pigmentar (PEDF), uma proteína que tem o papel de agente anti-neovascular e fator de sobrevivência dos neurônios. Os testes clínicos da Genvec estão em fase I-II para 50 pacientes com DMRI exudativa, sem ter encontrado efeitos adversos até o momento.

4) Síndrome de Usher 1B – pesquisadores da Foundation Fighting Blindness estão desenvolvendo uma terapia para Usher 1B, a forma mais comum de doença que combina perda de visão e de audição. Um modelo animal Usher 1B, está sendo tratado na Universidade da Califórnia em San Diego e em Los Angeles, com a administração do gene normal Usher 1B no olho do animal. O objetivo é prevenir a degeneração retiniana colocando uma cópia do gene USH1B normal nas células da retina, de modo a produzir uma proteína normal que previna a degeneração da retina.

5) Síndrome de Usher 3 – na Universidade da Califórnia em Berkeley, pesquisadores estão desenvolvendo, através da engenharia genética, um modelo de camundongo com Usher 3. Esse modelo animal vai permitir testes clínicos de terapia genética para Usher 3.

6) Doença de Stargardt – O Instituto de Pesquisa da Neurovisão (National Neurovision Research Institute, NNRI) , ligado à Foundation Fighting Blindness nos Estados Unidos estabeleceu parceria com a companhia de produtos biofarmacêuticos britânica Oxford Biomédica, para desenvolver a terapia de reposição genética para tratar a doença de Stargardt e outras doenças degenerativas causadas por um defeito no gene ABCA4. O objetivo do projeto StarGen™ é dar início à Fase I do teste clínico.

7) Coroideremia - pesquisadores da Faculdade de Medicina do Imperial College de Londres estão investigando a terapia genética para o tratamento da coroideremia, causada por uma mutação no gene REP-1. O grupo de pesquisa está avaliando a segurança e a eficácia de dois tipos de vetores virais, através da engenharia genética, para levarem um gene normal à retina de camundongos.

8) Retinosquisis – uma terapia genética visando o tratamento da retinoschisis ligada ao cromossoma X (XLRS - X-linked retinoschisis) está sendo pesquisada por cientistas do Canadá, Alemanha e Estados Unidos. Modelos animais ratinhos, com retinoschisis estão sendo testados com terapia genética para deter a perda da visão.

Os testes clínicos com células tronco estão ainda na fase de testes com modelos animais e os cientistas ainda não têm previsão de tempo até que possam testar em pessoas.
Uma equipe de pesquisadores de vários países conseguiu restaurar a visão de ratinhos com retinose pigmentar através do transplante de células fotorreceptoras imaturas. Essas células transplantadas tornaram-se células retinianas e integraram-se à retina do animal. Pesquisadores da Foundation Fighting Blindness, usaram células do cordão umbilical e do tecido neural para restaurar a visão de modelos animais com doenças degenerativas da retina ( ratinhos).



9 comentários:

  1. Qual é a perspectiva de cura , segundo as pesquisas para a retinose degenerativa?

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  2. Caro amigo,

    As pesquisas com células-tronco têm obtido ótimos resultados, tanto em animais como em pessoas, porém, ainda é cedo para prever os resultados. Segundo os pesquisadores brasileiros, não tem havido rejeição, nem efeitos colaterais significativos. Acredito que em breve teremos um tratamento com células-tronco, mas não posso precisar os índices de sucesso. Vamos ficar na torcida para que os resultados sejam tão bons quanto nossas expectativas!

    abraços e seja bem-vindo!

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  3. oie meu nome é lucas tenho 20 anos e possuo a doença de stargardt, começei a sentir os sintomas quando eu tinha 8 para 9 anos de idade e desde de entao acompanho a degeneração dasm minhas celulas e a perda de visao. gostaria de compartilhar tudo que sei e passeei. caso ouver interesse mandem emails para: lucasmaciasf@hotmail.com
    abraço e me interessei bastante por esse blog me agregou bastante conhecimento.

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  4. Olá Lucas,

    Seja bem-vindo! Que bom que gostou do blog! Envie sua história para o meu email e colocaremos no site sua lição de vida! É sempre bom ter amigos novos por aqui!

    beijocas

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  5. oie olha eu aqui denovo, voce tem alguma novidade? sobre as pesquisas e tratamentos?

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    1. Oi Lucas,

      Que bom vê-lo novamente por aqui! Estamos acompanhando os resultados das pesquisas. Por enquanto nenhuma novidade de impacto! Alguns estudos já estão pesquisando em humanos alguns tratamentos com células-tronco. Vamos aguardar!

      Neste momento, estamos participando de uma pesquisa com um óculos reprogramador cerebral, caso queira participar da pesquisa, me avise que te passo as instruções para avaliação.

      abraços

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    2. eu gostaria sim de participar, todo é bem vindo nestes momentos. gostaria de saber mais sobre essa pesquisa que estão participando e das instruções. pode entrar em contato comigo pelo meu email ( lucasmaciasf@gmail.com ). desde já muito obrigado pela ajuda que tem me dado.

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  6. Prezada Dolores, meu sogro já não enxerga mais em função da retinose degenerativa. Gostaria de saber como estão no Brasil ou em outro país o processo para descobrir a cura e também se existe algum método eficaz que já está dando bons resultados em pacientes. Ele gostaria de participar também como candidato à tratamento que possa vir a trazer bons resultados, pois como ele diz, o mínimo que pode ocorrer é ele seguir sem enxergar. Aguardo seus comentários. Obrigado. Glécio

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  7. Olá Glécio,
    Fico feliz com sua visita!
    No momento, diversos estudos estão sendo realizados no Brasil e no mundo com relação à Retinose Pigmentar/Retinite Pigmentosa, tanto com medicamentos quanto com terapias de células-tronco, etc. Vários destes estudos já estão em estágios avançados, inclusive com testes em grupos de pacientes. Os resultados são positivos, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido até que se considerem resultados finais e se transportem para desenvolvimento de terapias destinadas aos pacientes em geral. Acredito que nos próximos anos a evolução será mais rápida e que em breve teremos algo mais palpável.
    Cadastre-se no nosso blog para receber informações periódicas e também cadastre-se no grupo Retina SP que sempre traz informações atualizadas dos estudos e pesquisas publicados e apresentados em seminários nacionais e internacionais. Sempre posto tais informações aqui no blog também.

    Abraços
    Dolores

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