quarta-feira, 24 de novembro de 2010

France Presse - Correio Braziliense

Publicação: 22/11/2010 09:49

Washington - Os Estados Unidos autorizaram pela segunda vez nesta segunda-feira (22/11) a realização de um teste clínico com derivados de células-tronco embrionárias humanas, com o objetivo de tratar uma doença infantil da vista hereditária e irreversível.

A autorização concedida à empresa Advanced Cell Technology, de Massachusetts, permitirá dar início a um teste clínico com 12 pacientes de pelo menos 18 anos que sofrem do Mal de Stargardt, uma afecção ocular vinculada a uma degeneração da parte central da retina.

A agência sanitária americana, Food and Drug Administration (FDA), autorizou pela primeira vez, em janeiro de 2009, à empresa de biotecnologia Geron Corporation a realizar um teste clínico com um tratamento experimental baseado em células-tronco embrionárias humanas em pessoas que sofrem de paralisia - decorrente de lesão na medula espinhal. O teste clínico começou em outubro passado.

O Mal de Stargardt, atribuído em grande parte à alteração de um único gene, afeta cerca de 25 mil pessoas nos Estados Unidos, principalmente entre os sete e 20 anos, e é uma das formas de cegueira juvenil mais frequente no mundo.

"Atualmente, não existe qualquer tratamento contra o Mal de Stargardt", contou o dr. Robert Lanza, chefe científico da empresa. "Com as células-tronco embrionárias, podemos gerar virtualmente uma quantidade ilimitada de células do epitélio pigmentário da retina, as primeiras que morrem com o Mal de Stargardt e outras formas de degeneração macular", acrescentou.

Cegueira

A degeneração macular entre os idosos é uma das principais causas de cegueira, com mais de 30 milhões de casos no mundo. As células do epitélio - que fazem a recepção da luz no olho e são fundamentais para a visão - derivadas de células embrionárias humanas, permitiram uma restauração completa da vista em ratos sem efeitos secundários, informou a empresa.

"Não observamos nenhum tumor cancerígeno ou outro efeito perverso", declarou Lanza. "O começo deste teste clínico marca uma etapa importante para desenvolver terapias derivadas de células-tronco embrionárias destinadas a vastos mercados", enfatizou William Caldwell, presidente da ACT.

"As terapias resultantes desses testes abrem caminho para verdadeiros tratamentos que mudarão a vida de milhões de pessoas e vão revolucionar a comunidade médica", disse Caldwell, estimando um mercado potencial de 25 a 30 bilhões de dólares.

As células-tronco embrionárias são as únicas que têm capacidade de se multiplicar de forma ilimitada e de se transformar em qualquer célula do corpo, com um enorme potencial de tratar muitas doenças ainda sem cura, como o Mal de Parkinson.

O maior desafio é conseguir que as células "se diferenciem" para que se convertam nas desejadas pelos pesquisadores sem o perigo de se transformarem em células indesejadas, como os tumores cancerígenos.

Mas a pesquisa e o uso das células são um tema controvertido por serem tiradas do embrião humano na primeira fase de seu desenvolvimento, o que conduz a sua destruição. Grupos religiosos e alguns legisladores se opõem ao uso.

O presidente americano Barack Obama levantou em 2009 as restrições para o uso de fundos públicos para trabalhos com estas células.

Em agosto passado, uma ação judicial resultou no congelamento dos fundos federais destinados à pesquisa sobre células-tronco. Mas em outubro uma suspensão desta decisão permitiu seguir com os trabalhos até que se emita uma decisão em uma corte de apelações.

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